Amor perdido

28 abril 2007

O sol estava se pondo.
O amarelo alaranjado banhava o mar, chegando até as areias da praia.
Ali andava a passos lentos, Laura.

Cabeça baixa, olhos vagos, como que contando os passos sem perceber.amorperdido.jpg
O vento fraco levantava-lhe uns poucos fios de seus cabelos negros.
Esfriava, mas seu corpo não sentia a diferença.

Escurecia, mas seus olhos vislumbravam outra coisa.
O antigo encontro.
Aquele que há quase um ano, fez diferença em sua vida.
Não poderia estar acontecendo isso.
Acostumara-se a amar todas as noites, ter seu abraço e seu beijo quando o desejo assim exigisse. Ouvir carinhos, vibrar em seu cheiro.
Mas agora tudo era apenas lembrança. Seu amor estava longe. Bem longe. Tão longe que só alcançado por seu pensamento mais intenso.
Em algum lugar além-mar. Além de seu alcance, de suas forças.
Não por vontade própria se fôra, mas pelo destino das coisas.
Não importava, no entanto, os motivos. Importava só a ausência, que formava dentro de si um vazio sem tamanho.
Olhou de novo o mar. Lá, nos limites da visão, o horizonte, a forte luz restante do sol fechando-lhe a pupila, quando mais necessitava ver.

De novo nas areias, frente a seus passos, outros passos. Não os seus, nem os dele. Talvez de alguém que por ali também vagara lembrando-se, quem sabe, de outro caso de amor perdido.